Afogamentos em rios deixam bombeiros em alerta

Em 2014, 41,56% dos óbitos no Estado, resultantes de afogamentos, foram provenientes de rios. O percentual é quatro vezes maior do que o de mortes no mar. Devido ao histórico de afogamentos em pontos impróprios para banho do rio Guaíba, na orla de Porto Alegre, aliado às altas temperaturas, o Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) do Corpo de Bombeiros Militar está em alerta. 



Além da insalubridade da água, a correnteza, o relevo acidentado do leito do rio e a presença de pedras em diversos pontos representam um perigo às pessoas. “O calor intenso aumenta a incidência de ocorrências, inclusive com óbito”, destaca o comandante do GBS, major Roberto do Canto Wilkoszynski.



De acordo com o comandante, há três locais na Capital nos quais a população deve evitar o contato com o rio. São eles: a orla da Usina do Gasômetro, a “Prainha” – em frente a Rótula das Cuias – e a extensão entre os campos de treinamento do Inter e a Fundação Iberê Camargo. “Por serem pontos com maior facilidade de acesso, eles são os mais frequentados”, afirma Canto. “Mas são muito perigosos”, acentua o oficial.



Nestes locais, a profundidade do rio varia muito. Há 20 metros da orla é possível encontrar pontos onde a profundidade tem uma variação em menos de 10 metros de extensão. “Em vários pontos houve a retirada de areia do leito do rio”, ressalta o comandante do GBS. “Com isso, uma pessoa pode estar com a água pela cintura e, dois passos adiante, cair em um buraco que pode passar de 5 metros de profundidade”, destaca o major. Além do relevo acidentado, as pedras também oferecem risco, em caso de queda ou com a possibilidade de a pessoa ficar presa entre elas.



O GBS ainda identificou que, nos últimos quatro anos, a faixa etária dos frequentadores de pontos impróprios para banho diminuiu. “Antes, as crianças e os adolescentes acompanhavam os pais”, analisa o major. “Hoje eles vão sozinhos.” Segundo ele, a idade da maioria dos jovens varia entre 10 e 16 anos. É comum, segundo o oficial, ver estes rapazes tomando banho nos pontos mais perigosos. Os três pontos – que se concentram entre a Usina do Gasômetro e o Iberê Camargo – também estão próximos do canal por onde passam embarcações. “No canal, a correnteza é mais forte, o que também torna o banho mais perigoso”, alerta o comandante do GBS. Ele destaca que a orla do Gasômetro, em especial, fica mais próxima do canal, requerendo muito mais cuidados.



“É preciso tomar alguns cuidados”



Os bairros Lami e Belém Novo são os únicos que possuem praias em condições para banho e apropriadas em termos de segurança para os banhistas. Porém, conforme o relatório de balneabilidade, do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), de Porto Alegre, dos seis pontos de banho que há nos dois bairros da zona Sul, apenas um apresenta condições aceitáveis, a Praia do Veludo, em Belém Novo. 



A insalubridade da água impossibilita aos banhistas aproveitarem o Guaíba. Porém, segundo o comandante do Grupamento de Busca e Salvamento, major Roberto do Canto Wilkoszynski, diferentemente de outros pontos de acesso ao rio na Capital, as praias de ambos os bairros possuem um relevo nivelado, sem a presença de pedras ou buracos. Dessa forma, há menos riscos aos banhistas.



Entre os cuidados necessários para evitar acidentes, o oficial aconselha aos banhistas ficarem em um local guarnecido por salva-vidas, além de respeitarem o horário de funcionamento da guarita. A não ingestão de bebida alcoólica e o cuidado com as crianças também são fundamentais. “Os banhistas também devem respeitar o horário de digestão do seu corpo”, lembra Canto. “Muitas pessoas comem churrasco e logo depois vão se refrescar no rio. Já houve ocorrências com pessoas que sofreram congestão”, salienta o comandante.



Maior incidência é nos rios



Em 2014, 154 pessoas perderam a vida no Rio Grande do Sul em decorrência de afogamentos, segundo o Corpo de Bombeiros Militar. Deste número, 64 pessoas morreram em rios – local de maior incidência deste tipo de acidente. Açudes, lagos, lagoas e mares são, respectivamente, os outros locais onde ocorrem mais óbitos por afogamento no Estado.



Se a quarta colocação do mar como local com o maior número de afogamentos surpreende, os meses com maiores índices de mortes em águas gaúchas não. Segundo os Bombeiros, a época entre outubro e fevereiro concentra cerca de 70% dos acidentes fatais. Também há desequilíbrio no percentual de gênero. Os homens representam bem mais da metade dos afogados (74%).



Em comparação com 2013, o número de adolescentes que se afogaram quase dobrou em 2014. Cerca de 35% dos óbitos é representado por esta faixa etária, com as mortes ocorrendo nas idades de 16 a 20 anos, com 32 registros. Outra faixa etária com mortes é a situada entre 41 e 50 anos. 



Afogamentos causam preocupação



De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), o afogamento é a segunda causa de mortes entre a faixa etária de 1 a 9 anos, a terceira na faixa de 10 a 19 anos e a quarta, na faixa de 20 a 25 anos. A Sobrasa lança uma alerta preocupante. Segundo cálculos da entidade, 6,2 mil brasileiros morrerão afogados este ano (3,2/100 mil habitantes). 

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