Este verão, mais do que nunca, é aguardado por diversos setores com extrema ansiedade. Por conta da falta de chuva verificada desde janeiro, fatores como atrasos no plantio das lavouras de verão, condições críticas dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas e a crise no abastecimento de água no Sudeste do Brasil aumentam as expectativas sobre o comportamento das chuvas na próxima estação. No entanto, os meteorologistas dizem que não dá pra esperar milagres do clima.
Segundo Paulo Etchichury, da Somar Meteorologia, a definição da qualidade das chuvas do verão, ou seja, se vai chover mais ou menos em uma determinada região, está associada a diversos indicadores climáticos de grande escala, em especial ao comportamento dos oceanos. Nesse aspecto, os indicadores não se mostram muito favoráveis para intensificar as chuvas no próximo verão, de forma que a anomalia ajudasse a recuperar todo o déficit hídrico do verão passado.
– De um modo geral, a tendência é de um verão com chuvas em torno das médias climatológicas dos respectivos meses, inclusive com uma leve tendência de chuvas abaixo da média – avisa o meteorologista.
Além disso, outra característica desse verão será a variabilidade espacial e temporal na distribuição das chuvas, ou seja, períodos mais chuvosos serão alternados com períodos de pouca chuva. O problema da redução das chuvas está associado à Oscilação Interdecadal do Oceano Pacífico equatorial. Etchichury traduz o fenômeno:
– Estamos começando uma nova fase fria deste oceano, o que para o Sudeste está associado à longos períodos de menores volumes de chuvas anuais – diz.
Outro fator que poderia influenciar nas condições do clima durante o verão está relacionado com o ciclo interanual do oceano Pacífico, ou seja, formação dos El Niños e La Niñas. Pelo terceiro verão consecutivo, o oceano Pacífico apresenta uma condição neutra, ou seja, sem El Niño e nem La Niña.
– Com isso, na melhor das hipóteses, podemos esperar chuvas em torno da média, e chuva em torno da média, no máximo, consegue manter o consumo e não recuperar déficit algum – explica Etchichury.
Segundo ele, para a agricultura não deve faltar água, mas para outros setores da Economia o problema deve continuar. Portanto, para o Sudeste do Brasil, mesmo com o retorno das chuvas em novembro e o indicativo de continuidade dessas pancadas em dezembro, o que beneficia de forma geral todo o setor agrícola, os volumes ainda são insuficientes para reverter a condição dos reservatórios do setor elétrico e a crise de abastecimento de água. O risco de racionamento permanece.
Fonte – Canal Rural