As condições climáticas estão prejudicando a produção de frutas e hortaliças no Estado. De acordo com informações divulgadas pela Emater, os produtores gaúchos já contabilizam prejuízos devido à ocorrência das geadas tardias, cujos impactos concentram-se principalmente nas olerícolas típicas de verão, que já estavam sendo implantadas, e na fruticultura, na qual os efeitos maiores serão sentidos na produção futura dos pomares de pessegueiros, citros, ameixeiras, caquizeiros e nas parreiras.
Após as geadas do dia 12 de setembro, seguiram-se períodos com altos volumes de chuva de forma contínua, com dias nublados de baixa luminosidade, excesso de umidade e ainda a ocorrência de granizo em muitos municípios do Estado. O clima vem causando danos diretos nas culturas e propiciando as condições para o ataque de pragas e para o surgimento de doenças fúngicas e bacterianas. As condições também prejudicam a realização dos tratos culturais e fitossanitários nas culturas. Os danos são diferenciados de região para região, assim como localmente, dependendo da intensidade dos fenômenos que atingiram as áreas de cultivo.
Na região Sul, tradicional produtora de pêssegos para doces e conservas, os pomares estão na fase de frutificação. Com a ocorrência das fortes geadas em 11 e 12 de setembro em todos os municípios produtores de pêssegos, somada aos efeitos do granizo ocorrido mais intensamente nos pomares do município de Pelotas e Canguçu, em uma primeira avaliação das perdas ocasionadas pelos dois fenômenos climáticos, prevê-se uma redução em 20% da safra total da região, estimada inicialmente em 63 mil toneladas de pêssegos.
Prosseguem na região as aplicações de fungicidas objetivando a proteção fitossanitária dos frutos, considerando o pós-granizo e preventivamente em função das previsões da ocorrência de chuvas durante todo o período. O sistema de alerta divulga a pouca presença de mosca das frutas até o momento nas unidades de monitoramento instaladas na região produtora de pêssegos de Pelotas, Morro Redondo e Canguçu.
Em relação à viticultura, na região da Serra, após a ocorrência de geadas de média e alta intensidade, ocorreu elevada precipitação durante vários dias, além da presença de granizo por diversas vezes. Os danos do granizo não foram tão intensos pelo fato de normalmente haver precipitado juntamente com a chuva. No entanto, os viticultores que tiveram vinhais atingidos estão contabilizando as perdas. As temperaturas médias e altas da semana, com muita umidade no solo e sobre as plantas, acionaram o alerta para o risco de ocorrência da principal doença das videiras na região: o míldio, ou mufa. Assim, ainda que as condições climáticas não sejam apropriadas, muitos produtores começaram as aplicações fitossanitárias no intuito de prevenir essa doença nos parreirais. Nos locais mais quentes, com cultivares superprecoces, já há frutos na fase de "grão ervilha", demonstrando boa sanidade e carga das plantas.
Segundo a Emater, no final do inverno, os campos nativos e as pastagens implantadas aumentaram sua capacidade de rebrote, devido aos dias ensolarados e às temperaturas mais altas, somadas com os altos teores de umidade do solo resultante das chuvas das últimas semanas. No entanto, a ocorrência de geada e as chuvas excessivas durante toda a semana, em muitos municípios do Estado, provocaram perdas expressivas.
Foram afetados tanto os campos nativos em fase de brotação, quanto algumas áreas de pastagens cultivadas de inverno, entre as quais o azevém, que, em alguns locais, se encontrava em plena floração. Em virtude do longo período dessas condições climáticas adversas, especialmente das incessantes chuvas, os prejuízos em relação às pastagens anuais e perenes cultivadas e às lavouras de milho e sorgo destinadas para silagem ainda não puderam ser quantificados pelos técnicos e agricultores.
Para os rebanhos que permaneceram exclusivamente em campos nativos, é indicada a utilização de sal proteinado e também alguma suplementação alimentar; alguns pecuaristas fornecem fenos e/ou silagem para complementar a alimentação dos animais.
Com o fim do inverno, ocorrerá o rebrote acelerado dos pastos nativos, melhorando a quantidade e qualidade das forrageiras e ocasionando aumento da produção leiteira. Por outro lado, as pastagens cultivadas – aveia, azevém e trevos – ainda estão sendo disponibilizadas aos animais. Em alguns locais, porém, seu uso tem sido limitado devido às restrições de acesso dos rebanhos, em virtude da alta umidade no solo.
Para manter os níveis de produção leiteira, os criadores estão colocando à disposição dos rebanhos alimentos processados, como silagem de milho e sorgo, farelos, ração e grãos. Produtores que não se estruturaram na produção de silagem têm queda na produção.