Com safra de soja recorde no horizonte, o agronegócio pode garantir fôlego à economia gaúcha em 2015. Levantamento da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) indica que a colheita de grãos deve injetar R$ 121,97 bilhões no Produto Interno Bruto(PIB) – alta de 12,13% em relação ao ano passado. O valor corresponde a mais de um terço do PIB do Rio Grande do Sul. As informações são do jornal Zero Hora.
Beneficiado pelo clima favorável, o Estado deverá colher a segunda maior safra da história: 29,56 milhões de toneladas de grãos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Só a soja deve responder por quase metade do volume, com faturamento de R$ 14,28 bilhões (considerando só a venda da safra a preço de mercado). A expectativa é de que a produção bata novo recorde e seja 10% maior do que em 2014.
Economista da Farsul, Antônio da Luz diz que, se a projeção se confirmar, o desempenho do PIB do Estado em 2015 tende a ser melhor que o do país, que tem risco de recessão. O economista Sérgio Fischer, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), concorda. E observa que, nas últimas duas décadas, sempre que o Estado colheu supersafra, a economia gaúcha cresceu mais do que a do País.
“Com uma boa safra, a economia receberá uma injeção. É como alguém que precisa de transfusão de sangue. E, no Estado, a participação do agronegócio tem um peso maior no PIB do que em nível nacional”, explica Luz.
Apesar da queda nos preços das principais commodities, provocada pelo aumento da produção mundial, o câmbio poderá favorecer o produtor gaúcho na hora de vender a safra. Consultor de agronegócio, Carlos Cogo afirma que a alta do dólar praticamente assegurou a rentabilidade das lavouras de verão, que foram plantadas com insumos comprados quando a cotação média era de R$ 2,20. Segundo ele, como os agricultores estão capitalizados devido ao bom desempenho nas últimas safras, optam por retardar a venda à espera de nova escalada do dólar.
“As margens estão em alta. A rentabilidade não é maior do que a do ano passado e retrasado, mas foi praticamente compensada pela desvalorização do real”.
As já otimistas projeções da Conab para a safra podem ainda melhorar. Segundo o superintendente regional substituto da companhia no Estado, Ernesto Irgang, há tendência de alteração para mais tanto na soja quanto no milho, onde a redução de área vem sendo compensada pela maior produtividade. Um novo levantamento deve ser divulgado em meados de março.
“Nas regiões produtoras, esse volume deve movimentar bastante a economia local. Isso é muito importante para o nosso Interior”, afirma o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.
Com a maior parte das lavouras de soja em uma das fases mais críticas, a de enchimento de grãos, as próximas semanas serão decisivas. E o clima tende a ajudar. O meteorologista Flávio Varone, do Centro Estadual de Meteorologia, diz que o mês deve terminar com chuva em todas as regiões. Há risco de temporais, mas isolados. Para março, a previsão é de chuva dentro da média. Volumes acima do esperado, só em algumas áreas na Fronteira Oeste, no Sul e na Campanha.
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