Em dez dias de protestos de caminhoneiros no Rio Grande do Sul, mais de 15 milhões de litros de leite deixaram de chegar à indústria gaúcha. O novo balanço, ainda preliminar, foi divulgado nesta quarta-feira (4) pelo Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat). Segundo o presidente da entidade, Alexandre Guerra, a maior parte do produto foi desperdiçada.
"A produção diária é de 13 milhões de litros. Por ser um produto perecível, se eu não chego com um caminhão até o produtor ou até a indústria no mesmo dia, ele acaba se estragando e não pode mais ser consumido", explica. Segundo o presidente, a estimativa é que sejam necessários, pelo menos, mais dez dias para normalizar a produção.
O prazo é semelhante para que o setor de carnes volte a normalidade. Segundo o presidente do Sindicato das Industrias de Produtos de Suínos (Sips), Rogério Kerber, as entidades do setor ainda contabilizam os prejuízos.
"Aos poucos, as empresas já começaram a retomar o trabalho, mas ainda há dificuldades no suprimento de alguns isumos, como farelo de soja. A questão de estocagem é o maior problema, já que as câmaras estão superlotadas e não há transporte suficiente para atender essa demanda acumulada durante todos esses dias”, ressalta.
Rogério ainda cita os setores da avicultura e suinocultura como os mais atingidos. Uma estimativa preliminar realizada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) aponta prejuízo na Região Sul só para indústrias de suínos e de aves de cerca de R$700 milhões.
O presidente ainda mostrou preocupação em razão da perda de credibilidade com clientes. “O setor de aves é o segundo com maior peso nas exportações do Estado e suínos o quarto. Diversos contratos foram descumpridos, isso causa um constrangimento com os compradores”, destaca.
Já o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sulpetro) estima que em até seis dias o abastecimento em postos de combustíveis seja normalizado no Estado. Segundo a entidade, cerca de 2,2 mil estabelecimentos ficaram sem gasolina durante os protestos.
A indústria de alimentos do Estado acredita em uma perda direta de receita líquida de vendas de até R$ 152,3 milhões ao dia. Segundo a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), na indústria de transformação, o prejuízo é, em média, de R$ 760,3 milhões em receita líquida de vendas por dia paralisado. Esse valor equivale, a uma perda de cerca de 0,4% do PIB anual.
Os caminhoneiros bloquearam rodovias do Rio Grande do Sul desde a segunda-feira da semana passada para cobrar, entre outras pautas, a redução no preço do diesel
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