Controle da Aids passa pelo acesso a testes rápidos

Promover a prevenção da Aids torna-se imprescindível para o Brasil frear o problema. Números do Ministério da Saúde confirmaram, no final de 2014, pelo oitavo ano consecutivo, que o RS possui os mais altos índices da doença no País. Por isso, o incentivo ao diagnóstico. Na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2014 e 2015, praticamente dobrou o número de testes rápidos de HIV e sífilis distribuídos pelo Serviço de Atenção Especializada em DST/Aids da Secretaria Estadual da Saúde. No ano passado, foram 132,3 mil e, neste ano, 259 mil no período.



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A Secretaria da Saúde tem estimulado o uso do teste rápido por ser seguro, gratuito e sigiloso, e feito com uma gota de sangue da ponta do dedo. O resultado sai em cerca de 20 minutos e é comunicado diretamente por um profissional capacitado. No método tradicional, o prazo chegava a 30 dias e a pessoa devia retornar à unidade básica para obter o resultado, fazendo com que muitas não retornassem. 



O acesso aos testes rápidos do HIV em Unidades Básicas de Saúde já é quase três vezes maior no Rio Grande do Sul do que no restante do País, segundo a secretaria. Em 2014, em 60,86% dos casos, os usuários procuram e encontram o teste nas unidades. Um número crescente de municípios gaúchos adere aos programas de enfrentamento às DST/Aids e, com isso, a expectativa é de que a epidemia se estabilize e recue.



No Rio Grande do Sul, são diagnosticados 41,3 novos casos para cada 100 mil habitantes, mais que o dobro da taxa nacional (20,4). Em números absolutos, houve uma ligeira queda na comparação entre 2012 e 2013, quando foram registrados 4.517 e 4.443 novos casos, respectivamente. Porto Alegre lidera o ranking nacional, com incidência de 96,2 casos por 100 mil habitantes. Seguem a Capital os municípios de Cruz Alta (83,7), Rio Grande (72,4), Alvorada (66,3), São Leopoldo (60,3) e Canoas (58,5). 



Doença associada à violência



Em Canoas, Viamão e Porto Alegre, cidades com altos índices da doença, tem-se abordado a Aids de forma correlacionada à violência contra as mulheres. Em Canoas, a doença é a primeira causa de morte entre o público feminino em idade fértil, segundo pesquisa da ONG Coletivo Feminino Plural, com dados do Ministério da Saúde. Para ampliar as informações sobre as epidemias e treinar uma rede de trabalho, iniciou-se, em 2014, o projeto Conexões – ações integradas de enfrentamento da violência de gênero e da Aids, implementado pela ONG, com recursos da Secretaria Estadual de Saúde e apoio das prefeituras envolvidas. 



Em abril deste ano, o projeto promoveu oficina em Viamão. Entre junho e julho, segue em Canoas e, em agosto, será a vez da Capital. As atividades são voltadas aos profissionais das redes de saúde e de atendimento às mulheres que vivem em situação de violência. A coordenadora do projeto, Neusa Heinzelmann, diz que muitos agentes públicos não se dão conta da relação entre a violência e a disseminação do HIV e da Aids. “Muitos têm dificuldade de fazer um encaminhamento mais correto quando se deparam com uma mulher nestas condições”. 



Segundo a ONG, a violência sexual, forma direta de exposição das mulheres ao HIV e outras doenças e à gestação indesejada, pode estar afetando a cada ano 0,26% da população, o que indica que haja anualmente 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no país, dos quais apenas 10% são reportados à Polícia. 

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