Custo do diesel gera protesto de caminhoneiros

Os altos valores cobrados pelo óleo diesel levaram inúmeros caminhoneiros a protestar ontem em quatro estados do Brasil (Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), sendo que, em alguns locais, as pistas foram bloqueadas. No Estado, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, houve manifestações nos municípios de Ijuí, Seberi e Boa Vista do Buricá (esse último com interrupção do fluxo de veículos na BR-472).

O integrante do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga – Ijuí e região Noroeste Marcos Fell informa que na cidade o protesto, que transcorreu de forma pacífica. Consistiu na parada de vários caminhões ao lado da BR-285, mas sem a paralisação do trânsito na rodovia. Fell confirma que a indignação é quanto ao preço do combustível e contra o que classifica de "bagunça e roubalheira" do governo federal.

De acordo com levantamento feito recentemente pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o custo médio do diesel em Ijuí era de R$ 2,77 e do diesel S-10 (com menor teor de enxofre) era de R$ 2,98. Quanto à média do Brasil, a agência aponta, no mês de fevereiro, também R$ 2,77 para o diesel convencional e de R$ 2,92 para o S-10.

Nesse domingo, os caminhoneiros bloquearam, parcialmente, pelo menos 38 pontos em rodovias estaduais e federais pelo País. As informações sobre os pontos de bloqueios foram obtidas nas polícias rodoviárias estaduais e federais. A intenção é que o movimento, que começou na quarta-feira no Paraná e em Santa Catarina, seja expandido para o resto do Brasil ao longo da semana, de acordo com diretor da Associação dos Caminhoneiros de Rodeio Bonito (RS), Tobias Brombilla. "O setor de transporte de carga está passando por uma crise histórica, sem que os caminhoneiros consigam ter retorno", ressalta o dirigente.

O Paraná registrou a maior concentração de caminhoneiros parados, ocupando 22 pontos de estradas. Em cada trecho houve, no mínimo, 100 caminhões, segundo as polícias rodoviárias. Em São Miguel do Oeste, por exemplo, havia 300 caminhões parados, de acordo com Vilmar Bonora, um dos líderes do movimento naquele estado. Ainda conforme Bonora, caminhões que transportavam combustível também foram parados e pelo menos três postos ficaram com suas bombas vazias.

Os caminhoneiros também pedem para que seja criada uma tabela de preços do frete baseada no quilômetro rodado e reclamam da jornada de trabalho implantada em setembro do ano passado, que fixou em oito horas diárias e um adicional de duas horas extras. Odi Antônio Zani, um dos líderes do movimento em Palmeira das Missões (RS), afirmou que os caminhoneiros estão registrando, em média, queda de 30% no faturamento mensal por causa da lei. "Eu tinha três caminhões rodando nas estradas e faturava R$ 120 mil mensais no total. Tive de vender um caminhão e meu faturamento caiu para R$ 68 mil", afirmou. As paralisações devem continuar nesta segunda-feira, de acordo com os caminhoneiros.

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