Deputado pede afastamento da liderança do PDT na Assembleia

Suspeito de exigir parte do salário dos funcionários de seu gabinete e de empregar servidores fantasmas, o deputado Dr. Basegio pediu afastamento da liderança da bancada do PDT na Assembleia Legislativa nesta terça-feira (9). A decisão foi confirmada em um comunicado enviado à imprensa.

Segundo a nota, o pedido de afastamento prevê o prazo de 36 dias e foi solicitado em função das denúncias envolvendo o parlamentar. “O deputado argumenta que se afastará do exercício da liderança da bancada para preservar os colegas de bancada. Durante esse período o vice-líder deputado Eduardo Loureiro assume a liderança”, diz o texto.

Nesta terça-feira Basegio não apareceu no Plenário. A mesa dele ficou o tempo vazia. Pela manhã, o deputado participou de uma reunião dos líderes dos partidos na Assembleia. Ele chegou rapidamente e não quis conversar com os jornalistas que estavam no local.As denúncias contra o deputado vieram a público no domingo (7) em reportagem exibida no Fantástico, da TV Globo, e partiram do ex-chefe de gabinete do deputado, Neuromar Gatto. Além da suspeita de extorsão, o parlamentar também seria beneficiado por um esquema de alteração da quilometragem de veículos para aumentar o valor pago a título de verba indenizatória e fraude com diárias.

A Comissão de Ética da Assembleia diz que já está analisando as denúncias. O deputado também está sendo investigado desde fevereiro pelo Ministério Público (MP), segundo informou o promotor Luiz Eduardo Menezes, da Subprocuradoria-Geral para Assuntos Jurídicos do órgão.

Segundo o MP, a investigação envolve suspeitas de crimes como apropriação indébita, falsificação de documentos, peculato e concussão e teve início após as denúncias e documentos apresentados ao órgão pelo ex-chefe de gabinete do parlamentar.

O deputado Dr. Basegio também é alvo de um procedimento do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS). Segundo o diretor-geral do órgão, Valtuir Pereira Nunes, o Tribunal comprovou parte das denúncias exibidas na reportagem após abrir uma inspeção especial no final de abril.

Deputado diz que é inocente

O deputado Dr. Basegio concedeu coletiva na segunda-feira (8) em Passo Fundo, no Norte do estado. Ele negou as acusações e se disse vítima do seu ex-chefe de gabinete, autor das denúncias. Sobre os vídeos que mostram ele contando dinheiro arrecadado de assessores, o deputado disse que manipulava o próprio dinheiro."Confesso que as cenas que vi na TV ontem e revi. Vão marcar, porque a política está em um descrédito muito grande, e quando se vê um deputado manipulando dinheiro se atrela a isso, a uma série de coisas. Mas não existe nenhuma ilegalidade em eu usar o meu dinheiro dentro da Assembleia", argumentou.



Segundo a denúncia do ex-assessor, servidores comissionados, alguns deles fantasmas, devolviam ao parlamentar parte ou todo o vencimento mensal. Em um dos vídeos gravados pelo ex-chefe de gabinete em Passo Fundo, o assessor Álvaro Ambrós afirma que devolvia entre "R$ 3,2 mil e R$ 3,3 mil" de um salário de R$ 7.710,39 líquidos.



Outra gravação mostra o publicitário de Passo Fundo Paulo Marins, que organizou campanhas políticas do Dr. Basegio, entregando a Gatto o que seria parte do salário de sua mulher, Eliane Marins, assessora do parlamentar até dezembro de 2014.



"Ele armou um grande circo contra mim, é uma pessoa que veio forjando provas e montando cenários", alegou o deputado pedetista, acrescentando que o ex-chefe de gabinete foi exonerado, e não pediu demissão.



O motivo da exoneração, segundo o deputado, foram as alterações em diárias e o uso de cartão de combustível no carro próprio e outras irregularidades. Ele disse ainda que, em dezembro, Gatto o procurou para falar de um dossiê, dizendo que faria uma denúncia caso o deputado não pagasse R$ 1 milhão a ele.

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