Em crise financeira, pelo menos três prefeitos gaúchos demitem todos os secretários

*Por Matheus Schuch

Em crise financeira, pelo menos três prefeitos de pequenas cidades gaúchas decidiram exonerar todos os secretários para tentar equilibrar as contas. O último a adotar a medida foi o prefeito de David Canabarro, na região Norte.

Nesta semana, cinco secretários, dois diretores e um chefe de gabinete foram demitidos. A expectativa é de economizar R$ 35 mil por mês. A providência é considerada difícil, mas necessária diante da diminuição de repasses.

“A gente pretende, a partir de agora, contar ainda mais com a colaboração dos funcionários efetivos do nosso município que conhecem as atividades de cada setor para minimizar as dificuldades que a gente vai encontrar durante este período”, afirma o prefeito, Marcos Antonio Oro (PP), que conta com aproximadamente 215 servidores, entre concursados e contratados de forma temporária. O município tem 4,6 mil habitantes.

Ainda em 2015, a primeira cidade a tomar a providência foi Jaboticaba, também na região Norte. Sete secretários e 18 Cargos de Confiança (CC’s) foram exonerados em junho. No início deste ano, o secretário de obras foi chamado novamente.

“Da maneira como os municípios estão enfrentando esta crise, em um lugar pequeno, como Jaboticaba, é possível administrar com menos secretários e contar com os concursados”, defende o prefeito Miguelzinho Piccin (PP).

Segundo Piccin, foi possível economizar no mínimo R$ 50 mil por mês desde que a equipe foi reduzida. A cidade possui 4,1 mil habitantes.

Já em Barra do Rio Azul, no Noroeste, as dificuldades têm sido grandes desde a exoneração do secretariado, ocorrida há quatro meses.  Além dos sete secretários, foram dispensados três coordenadores e um chefe de gabinete.

Nesta semana, o prefeito Ivonei Marcio Caovila (PDT) saiu em férias. Toda a responsabilidade da administração ficou com o vice, Carlos Moacir Zamadei (PT), que admite dificuldades para gerenciar a demanda dos 2 mil habitantes.

“Estamos com vários problemas, o município é essencialmente agrícola, estamos na época de silagem e os pedidos são muitos, vamos nos desdobrando para atender o povo“, diz Zamadei, que conta com cerca de 100 servidores.

Além da queda nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do ICMS, os municípios gaúchos sofrem nos últimos dois anos com atrasos de repasses do governo do Estado. As perdas chegaram a R$ 956 milhões em 2015, segundo a Federação das Associações de Municípios (Famurs).

Pesquisa da entidade mostrou que 38% das prefeituras reduziram CC’s, FG’s e secretarias no último ano; 88% das prefeituras restringiram viagens e cursos; 27% das prefeituras foram obrigadas a realizar algum tipo de corte de serviço; e pelo menos 14 prefeitos reduziram o próprio salário.

 

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