Condenado em processo da Operação Lava Jato a 16 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o lobistaFernando Soares (Baiano) prestou depoimento na tarde desta terça-feira (26) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Ele é testemunha na investigação contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por quebra de decoro parlamentar.
Baiano afirmou aos deputados que pagou propina a Cunha por negócios envolvendo a Petrobras. Segundo ele, foram entregues R$ 4 milhões no escritório do deputado como pagamento de parte da dívida que o empresário Julio Camargo tinha com o parlamentar.
O lobista disse ainda que recebia dinheiro do doleiro Alberto Youssef endereçado ao presidente da Câmara, mas que – a pedido do próprio – entregava as quantias a outros destinatários.
Fernando Baiano negou, contudo, ter efetuado transferências ou envio de remessas a contas de Cunha no exterior. Aos deputados do Conselho, disse somente que ouviu conversas de Youssef em que se falava no assunto.
Segundo o lobista, ele e Eduardo Cunha se conheceram em um restaurante no Rio de Janeiro. Baiano disse ter estado com o parlamentar algumas vezes na casa da família dele no Rio de Janeiro, no escritório do parlamentar e no gabinete da presidência da Câmara. O depoente afirmou ainda que Cunha o ajudou a cobrar uma dívida de US$ 10 milhões do empresário Julio Camargo.
Conforme Baiano, Cunha disse que mandou elaborar requerimentos questionando contratos da Petrobras para pressionar o empresário, quando ele devia para o deputado.
Outro lado
Eduardo Cunha nega as acusações. O advogado do peemedebista, Marcelo Nobre, contestou as declarações de Fernando Baiano a respeito do pagamento de propina, alegando que as acusações não têm a ver com o processo em tramitação no Conselho de Ética – que apura se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, quebrou o decoro parlamentar ao afirmar não ter contas no exterior.
Documentos do Ministério Público da Suíça revelaram a existência de contas ligadas a Cunha naquele país. O presidente da Câmara nega ser dono das contas, que, segundo ele, são administradas por trustes e afirma ser o “usufrutuário” dos ativos mantidos no exterior.
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