A empresa Mineração Campo Branco, investigada pelo Ministério Público (MP) suspeita de operar esquema de distribuição de água contaminada, engarrafa quatro rótulos diferentes. As marcas Carrefour, Biri Biri, Roda D´Água e Água do Campo Branco são distribuídas em todo o Estado. A água ainda é oferecida em viagens pela companhia aérea Azul.
A operação conjunta entre MP, Receita Estadual, Vigilância Sanitária e Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) prendeu dois sócios e o químico da empresa e interditou a indústria provisoriamente. Exames detectaram coliformes e apontaram para a presença da bactéria Pseudomonas aeruginosa, que é causadora de infecções respiratórias, urinárias e da corrente sanguínea em pessoas já com a saúde debilitada.
Com sede em Progresso, a engarrafadora de água tinha a licença de operação da Fepam vencida desde 2013. Ainda segundo os investigadores, havia um curso d´água a 10 metros da fonte de captação, enquanto a Fepam determina que a distância mínima é de 30 metros. Além disso, durante a ação, os órgãos descobriram uma segunda fonte, sem autorização de funcionamento.
O esquema contava com o envolvimento do chefe da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Vitor Hugo Gerhardt. Segundo o promotor Mauro Rockenbach, o coordenador foi indicado ao cargo pelo PMDB, mesmo partido dos sócios da empresa. O MP pediu o afastamento dele do cargo. A Secretaria de Saúde abriu sindicância para apurar o caso e afastou o funcionário até o fim da investigação.
"Em razão dessa indicação, ele deixava de cumprir com a sua função. Por duas vezes deixou de interditar o local. Fazia vista grossa", explica o promotor.
Os problemas foram constatados pela vigilância sanitária local em julho 2015. A interdição da empresa proposta inicialmente, no entanto, foi substituída por um auto de infração. O valor da multa estipulado em R$ 20 mil foi reduzido para R$ 2 mil. A engarrafadora ainda sonegou, comprovadamente, R$ 3,2 milhões em tributos estaduais.
Conforme o promotor, o MP vai apresentar a denúncia contra os sócios e o químico na próxima semana. Eles serão denunciados pelos crimes de organização criminosa e venda de alimentos impróprio para o consumo. Já o servidor da saúde deve responder por prevaricação.
A empresa informa que, antes mesmo do vencimento da licença, já tinha um protocolo de renovação, mas a Fepam não realizou a vistoria. Ainda destaca que a licença de Operação do Município é válida até 2018 e nega qualquer envolvimento com o chefe da coordenadoria.
Exames apontaram problema nos lotes 410 e 421, de 2015, e 028 e 272, esses últimos de água mineral com gás de 1,5 litro, com validade até setembro de 2016.
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