Expansão eleva a dependência da soja para a econômica gaúcha

Apesar de o primeiro cultivo comercial de soja no Brasil ser de 1914, em Santa Rosa, foi a partir dos anos 1940 que adquiriu importância econômica. Quando estreou no registro estatístico nacional, em 1941, o grão tinha 640 hectares cultivados no Rio Grande do Sul. Na safra atual, mais de 70 anos depois, a estimativa de área plantada deve atingir históricos 5,1 milhões de hectares, e pode bater novo recorde de produção: 13,7 milhões de toneladas, segundo a Companhia Naciona de Abastecimento (Conab). É a maior área dos dos 8,6 milhões de hectares cultivados hoje com grãos em solo gaúcho.
 
– O desenvolvimento econômico e social do Estado pode ser creditado à soja, cultura agrícola que mais cresceu em percentagem nos últimos 40 anos – analisa Alencar Rugeri, assistente técnico da Emater.
 
Estimulados pela alta da commodity no mercado internacional na última década, produtores gaúchos aumentaram a área de soja, reduzindo as destinadas ao milho e à pecuária. De 10 anos para cá, a expansão deu-se especialmente nos campos nativos da metade sul do Estado.
 
– A soja avançou para um solo menos estruturado e arenoso e com distribuição hídrica irregular, onde os riscos de produção são maiores – alerta Rugeri, fazendo referência ao crescimento da oleaginosa em áreas antes ocupadas por gado e arroz.
 
Além dos riscos relacionados à produção, a expansão é relacionada ao crescimento dos conflitos agrários no país. De 1990 a 2013, período mais produtivo do agronegócio brasileiro, a área cultivada com a soja cresceu 209% no Brasil, segundo a Conab, e as disputas por terras 215%, conforme dados da Comissão Pastoral da Terra.
 
– Há uma correlação implícita entre essas duas variáveis. A monocultura implicou em diversos problemas sociais envolvendo agricultores familiares e povos indígenas – aponta a economista Manuela Valim Braganholo, uma das autoras de estudo desenvolvido pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) em parceria com universidades federais.
 
Ganhos
– A expansão tornou a cultura agrícola a mais importante do Estado, aumentando a geração de riqueza e liderando as exportações do agronegócio gaúcho.
 
Riscos
– Monocultura pode trazer problemas ao solo e ao equilíbrio de produção, aumentando a incidência de pragas e doenças nas lavouras, além de grande dependência de 
um produto.
 
Na safra atual, a estimativa é de que a área plantada alcance históricos 5,1 milhões de hectares (Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS)
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