Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (30), a força-tarefa da Operação Lava Jato ameaçou abandonar os trabalhos caso a "proposta de intimidação de juízes e procuradores" seja aprovada pelo Congresso. As declarações referem-se ao texto do pacote anticorrupção que passou pela Câmara. As informações são do portal G1.
O procurador Deltan Dallagnol leu uma nota de repúdio ao que chamou de "ataque feito pela Câmara contra as investigações e a independência dos promotores, procuradores e juízes".
"Se for aprovada, a proposta será o começo do fim da Lava Jato. A força-tarefa da Lava Jato reafirma seu compromisso de trabalhar enquanto for possível", disse o procurador Deltan Dallagnol. "Não será possível continuar trabalhando na Lava Jato se a lei da intimidação for aprovada", concluiu.
O procurador afirmou que muitas pessoas trabalharam nas dez propostas contra a corrupção, enviadas pelo Ministério Público Federal (MPF) ao Congresso:
"Mas, ao chegar ao plenário, foi desconfigurado. Rasgou-se o texto das dez medidas (…) O parlamento é soberano, mas nós, depois de todo esse processo, saímos sem solução para acabar com as brechas que permitem a corrupção", disse.
Ao longo da madrugada desta quarta, parlamentares aprovaram diversas modificações ao texto proposto pelo MPF e que saiu da comissão especial e incluíram temas polêmicos, como a punição de juízes e procuradores por crime de responsabilidade.
"Aproveitando de um momento de luto nacional, na calada da noite as propostas foram mudadas. As dez medidas foram rasgadas", leu o procurador.
Completando a fala de Dallagnol, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima também criticou a decisão do Congresso.
"Aproveitaram um projeto de combate à corrupção para se protegerem. O motivo é porque estamos investigando, estamos descobrindo fatos, iríamos chegar muito mais longe. O instinto é de preservação", refletiu Lima.
ZERO HORA
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