Desde sexta-feira (29), o Rio Grande do Sul vem registrado demissões em massa nos setores mais prejudicados pela crise financeira do país. Só nesta segunda-feira (2), houve dois grandes cortes de trabalhadores.
O consórcio que constrói a nova ponte do Guaíba demitiu cerca de 400 funcionários. Já em Passo Fundo, o frigorífico Minuano suspendeu a produção, desligando cerca de 300 pessoas.
Na semana passada, a montadora General Motors, em Gravataí, anunciou a suspensão do contrato de trabalho de cerca de 300 funcionários – dos cerca de 800 que estavam em lay-off há cinco meses.
Construção pesada
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Rio Grande do Sul, Isabelino Garcia dos Santos, admite que as demissões já eram esperadas, já que a empresa havia alertado para essa possibilidade em razão do atraso nos repasses pelo governo federal. Conta que está no sindicato desde 2007 e nunca tinha enfrentado uma crise na infraestrutura como agora.
"A gente só tem desemprego. Para se ter uma ideia, hoje, segunda-feira, nós tivemos mais de 700 demissões em todo o Estado na nossa categoria", revela Isabelino.
Ele cita algumas dessas obras que pararam, motivando as demissões.
"Na BR-116, que vai a Pelotas, se vê que a obra está cada vez mais parada. A BR-290 parou e tudo que foi feito está indo por água abaixo, porque tem chovido um monte", afirma.
Segundo Isabelino, são cerca de 6 mil trabalhadores empregados hoje na construção pesada no Estado. No início do ano passado, era o dobro.
Alimentação
Em Passo Fundo, o frigorífico Minuano suspendeu as operações e demitiu cerca de 300 funcionários. Vinte ainda ficarão para manutenção.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Passo Fundo, Miguel Luiz dos Santos, diz que a categoria foi pega de surpresa, já que há no país um aumento no consumo de frango.
"A exportação aumentou. E a tendência é de cada vez aumentar mais. Fomos pegos de surpresa. O argumento da Minuano é a não renovação do contrato com a JBS e que a empresa deixou para avisar em cima da hora de iria mais renovar o contrato", disse.
Santos adianta que vai tentar rever as demissões.
Automotivo
A General Motors demitiu 300 funcionários, que foram comunicados por correspondência. O diretor jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Edson Dorneles, no entanto, diz que não há uma confirmação oficial do número de demissões. Ele teme que esse número seja ainda maior.
"Desde 2012, o terceiro turno estava operando no complexo automotivo. Dia 30 de abril, acabou o terceiro turno dentro do complexo. Ou seja, compreende Geral Motors e mais 18 empresas sistemistas que estão dentro do complexo automotivo", comentou.
Indústrias
COMUNICADO GENERAL MOTORS DO BRASIL
Em dezembro de 2015, a General Motors iniciou um layoff para cerca de 800 empregados no Complexo Industrial de Gravataí, Rio Grande do Sul. Durante o período do acordo, que encerra no dia 30 de abril , mais da metade destes empregados retornaram ao trabalho pois a esperada recuperação do mercado, infelizmente, não aconteceu. Na realidade, houve queda de mais de 26% nas vendas da indústria apenas nos primeiros quatro meses de 2016.
A Rádio Gaúcha tenta contato com a Minuano e com o consórcio que constrói a nova ponte do Guaíba.
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