Nem sempre precisa ser sofrido. Às vezes é possível desfrutar do começo ao fim. Fazer festa sem preocupação. Foram assim os festejos que levaram os colorados à semifinal da Libertadores na noite de terça-feira. A vitória por 2 a 0 sobre o Bolívar, no Beira-Rio, deixou o Inter a três jogos do tri da América. Os dois gols de Valencia levaram o clube de volta à semifinal depois de oito anos.
O adversário sairá na quinta-feira (31), quando o Fluminense enfrenta o Olimpia, no Paraguai, após ter vencido a ida por 2 a 0. Se os cariocas avançarem, o jogo decisivo será no Beira-Rio. Se der os paraguaios, a decisão será fora de casa. Os jogos estão previstos para 27 de setembro e 4 de outubro.
Eduardo Coudet ousou ao escalar o time. Sua escalação contou com uma surpresa. Sem Vitão, lesionado, o treinador optou por deslocar Hugo Mallo, 1,73m, para o centro da defesa, deixando Nico Hernández e Igor Gomes no banco de reservas. Assim, a linha defensiva contou com quatro laterais de origem, já que foi nessa posição que Mercado iniciou a carreira.
A intenção do treinador residia em melhorar a saída de bola do time. Porém, a postura dos bolivianos trancou a construção de jogadas desde o campo de defesa colorado. Mas, no fim, aconteceu o que acontece desde os tempos em que o Brasil comprou o Acre. O Bolívar desce para jogar ao nível do mar perde sua força. Diante de um mar vermelho de colorados, os bolivianos se afogaram. Até de maneira rápida.
Na primeira arrancada gaúcha, Wanderson conduziu por metros até centrar para Valencia empurrar para o gol. Eram 10 minutos de jogo. O 1 a 0 cedo foi tranquilizador.
Parecia que o placar se esticaria com facilidade. Wanderson arrematou mal logo no recomeço do jogo. Mauricio também finalizou com perigo na sequência e, aos 25 minutos, Valencia ampliou, em nova arrancada.Em posição irregular, o lance foi invalidado.
Os visitantes estavam pelo tumulto. Jogadas ríspidas, muita reclamação e diversas artimanhas para picotar a partida e encontrar um gol fortuito para igualar o placar. Mas além desse tipo de problema, não causou maiores preocupações para Rochet, embora tenham feito a linha defensiva do Inter suar.
As jogadas se desdobravam e, de tempos em tempos, fortes estrondos vindos do lado de fora eram ouvidos. Foram ao menos três. Aos 41 minutos, o Bolívar deixou o campo reclamando dos efeitos do gás de pimenta utilizado pela Brigada Militar na Avenida Padre Cacique contra torcedores causava incômodo. Foram sete minutos de paralisação até a retomada.
Existem outras maneiras de tirar o fôlego do adversário além de jogar na altitude. Pressionar até fazer o gol é inigualável. Foi o que o Inter fez ao sair do vestiário. Em 14 minutos estava 2 a 0. Mauricio, Johnny e Alan Patrick tentaram de maneira sucessiva. Então, o camisa 10 distribuiu mais um de seus passes em que ele diz “vai lá e faz”. A bola foi para Valencia. Ele foi lá e fez, antes ainda precisou se livrar de um defensor.
Não havia mais dúvidas para a classificação. Coudet começou a pensar no futuro. Os veteranos Aránguiz e Mercado foram os primeiros a sair. A insistência ofensiva continuou. A bola teimou em não entrar. O Bolívar ainda teve forçar para tentar o seu em pênalti assinalado pelo VAR, com Nico Hernández tocando com a mão na bola. Nada que preocupasse Rochet. O goleiro foi no canto esquerdo e pegou firma a cobrança de Ronnie Fernandéz. Foi a senha final para a festa aos gritos de “ole, olê, olê, Rochet, Rochet”. A festa colorada continua na Libertadores.