O volume de recursos destinados para obras e reformas de escolas estaduais deverá dobrar em 2016 em relação ao ano interior. É o que anunciou o secretário de educação, Vieira da Cunha. A medida tem como objetivo melhorar a estrutura de muitas instituições de ensino que estão em condições precárias no estado.
"O estado vem perdendo ao longo dos anos corpo técnico de engenheiros, arquitetos para fazer frente a enorme demanda de obras em prédios públicos", observou Vieira da Cunha. A pretensão é investir R$ 180 milhões. Em 2015 foram gastos R$ 91,5 milhões em 235 obras concluídas. "Em 2016, número de obras em andamento será parecido. Pretendemos dobrar investimentos em obras escolares."
O titular da pasta explicou que foram escolhidas 12 instituições prioritárias para receber recursos neste ano. "Nós tivemos como critério para priorizar essas escolas o número de alunos, a situação dos prédios e o próprio estágio de desenvolvimento desses projetos, baseados nisso temos lista de 12 prioridades pra 2016. Dentre as quais escolas tradicionais. Queremos ainda em 2016 não só finalizar projeto e realizar licitação", observa o secretário.
Entre elas está o Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre; o Instituto Cristóvão de Mendoza, em Caxias do Sul, na Serra do estado; e o Instituto Olavo Bilac, em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul.
Problemas na volta às aulas
As melhorias vão ocorrer ao longo do ano e, por isso, muitos estudantes vão encontrar as escolas longe das condições ideais na volta as aulas. No Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, paredes ameaçam cair. Na capital gaúcha, 60 escolas estaduais tiveram prejuízos devido ao temporal do fim de janeiro.
Na Escola Marechal Luis Alves de Lima e Silva, em Pelotas, no Sul do estado, o ano letivo começa com 50 minutos a menos de aula por causa de problemas na estrutura do prédio. A empresa responsável abandonou a obra.
"O dono da construtora disse em reuniões um ano atrás que aquele problema conseguiria solucionar em 15 dias. Colocar vigas metálicas e resolver. Só que esses 15 dias já fazem um ano", observa a supervisora escolar, Margarida Casarré Tavares. O estado abriu um processo contra a empresa, mas não há previsão para a retomada dos trabalhos.
Em Campinas do Sul, no Norte do estado, a maior escola da cidade pegou fogo no ano passado. Agora, a biblioteca funciona no salão da igreja e a cozinha foi transferida para esse galpão. "Esse espaço atingido, estamos aguardando que se inicie a reforma, a prefeitura está nos apoiando. A gente não está parado, estamos nos mobilizando para que inicie o quanto antes", explica a diretor da escola Iara Rebelatto.
Comunidade se une por melhorias
Em Caxias do Sul, pelo menos 16 escolas não estão nas condições ideais para receber alunos. Na Victório Webber, a direção aguarda a construção de um prédio anexo para desativar o antigo. Algumas salas estão condenadas e nem são mais usadas.
Na Escola José Generosi, parte do prédio também está interditado desde que um temporal destruiu parte do telhado e comprometeu a rede elétrica há dois anos e meio. Desde então, a escola perdeu quatro salas de aula.
Com isso, a oferta de vagas teve de ser reduzida. Os instrumentos do laboratório de ciências, por exemplo, foram levados para a sala dos professores, e os computadores do laboratório de informática foram para uma sala e estão há mais de dois anos sem uso, guardados em armários.
A menos de duas semanas do começo das aulas, pais, alunos e ex-alunos decidiram agir, fazendo pequenos reparos. A escola foi uma das contempladas no plano de necessidade de obras do governo do estado, lançado em 2011. Os estudos para a construção de um novo prédio até chegaram a ser feitos, mas nada de obra. Para a direção, difícil mesmo é manter a motivação dos professores diante de tantos problemas.
Na região da Campanha, os alunos da escola Justino Quintana, de Bagé serão recebidos com obras, que estão em andamento desde 2014 e seguem dentro do cronograma. "A maior expectativa na verdade da nossa comunidade é o retorno para o nosso prédio. Esse retorno não vai acontecer agora nesse primeiro momento ano letivo", explica a diretora da escola Sônia Barbosa.
A previsão é que a entrega ocorra até o final de março. A diretora explica que a reforma está em fase de acabamento. "Mas precisa todo restante a infraestrutura básica estar em condições pra retornar a ter aulas no nosso prédio."