Mais de 100 mil procedimentos de saúde são suspensos em hospitais do RS, diz entidade

Cerca de 100 mil procedimentos eletivos de saúde – como consultas, exames ou cirurgias marcadas – foram suspensos no Rio Grande do Sul em razão dos atrasos nos repasses para serviços de saúde por parte do governo estadual. A estimativa é da Federação de Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do RS.

O presidente da entidade, Jairo Tessarim, aponta que os hospitais federados esperam receber um total de R$ 140 milhões em recursos referentes a procedimentos de agosto e setembro. Devido à situação, atendimentos de urgência e emergência são priorizados até que a dívida seja paga. Somente em 22 cidades do estado, 728 cirurgias foram adiadas.

"Vão ser todas reagendadas na medida em que a gente tenha as instituições numa condição normal de atendimento, ou seja, com fluxo de recursos dentro da normalidade", diz Tessari.

Na Santa Casa de Uruguaiana, na Fronteira Oeste, estão suspensos os atendimentos na cardiologia e na psiquiatria do único hospital da cidade, referência para 13 municípios da região. Segundo a instituição, o estado deve R$ 2,06 milhões.

Na Região Metropolitana, Canoas enfrenta uma situação parecida. Os três hospitais da cidade vêm adiam procedimentos considerados não urgentes. Nesse período, foram suspensos 45 mil exames, 7 mil consultas e 300 cirurgias.

 

Riscos à saúde

 

O atraso nos procedimentos eletivos – que são aqueles agendados, necessários para algum tratamento – pode ocasionar riscos à saúde, conforme a presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Maria Rita de Assis Brasil.

"Esse paciente que precisa de um procedimento eletivo pode se transformar em um procedimento de urgência, ou pode contribuir com a efetiva não melhora do paciente", explica a médica. "Se uma fratura não for corrigida em um tempo X, aquilo pode se transformar em uma lesão definitiva com sequelas para esse paciente", complementa.

Para quem aguarda por uma cirurgia, consulta ou exame, a preocupação só aumenta. A dona de casa Isabel Lopes teve uma surpresa no dia marcado para seu filho realizar uma cirurgia e implantar uma prótese. O procedimento havia sido cancelado. "Já faz uns dois meses. Não tem previsão", diz.

Já a aposentada Leberina da Silva precisa fazer fisioterapia, mas não tem conseguido, o que a preocupa. "No início o doutor disse que não ia fazer cirurgia por causa da minha idade. Mandaram fazer fisioterapia. Agora acontece isso", lamenta.

A Secretaria Estadual de Saúde afirma que está em negociação com os municípios onde não há restrição no atendimento, para que recebam parte da demanda que está surgindo. E que espera repassar aos hospitais R$ 90 milhões até o fim do mês. Leia a nota na íntegra abaixo.

Para suprir a demanda dos hospitais que suspenderam os atendimentos, a SES está em negociação com os municípios que continuam funcionando integralmente para que recebam parte desta demanda. A SES está buscando soluções específicas para as referências dos municípios que suspenderam os atendimentos. A Secretaria Estadual da Saúde repassou aos hospitais R$ 20 milhões como complemento do Teto MAC ( Média e Alta Complexidade) como pagamento pela prestação de serviços e espera repassar mais R$ 90 milhões (referentes aos incentivos estaduais) até o fim do mês.

Os recursos federais têm sido repassados integralmente aos hospitais para pagamento da produção dos serviços. Reafirmamos que esta situação permanece inalterada desde sexta-feira, sendo que na quinta e sexta foram dadas entrevistas sobre o assunto para os veículos da RBS.

Agência Brasil 

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