Por Victor Canedo
Direto de Nova Jersey, EUA
Messi fazia o torneio de sua vida com a Argentina. Foi o maior responsável por levar o público americano comum aos estádios durante quase um mês – muitos deles talvez tenham percebido que o soccer realmente pode ser mágico e midiático, puro entretenimento. Mas vá dizer isto a um argentino hoje. O melhor jogador do mundo deixa a Copa América Centenário como um dos vilões depois de desperdiçar um pênalti decisivo, por cima do gol. Biglia também perdeu, Higuaín novamente viu as traves de Nova Jersey encolherem, e a Argentina seguirá em jejum. O Chile, de um Bravo que reescreveu sua história dentro do torneio, é o bicampeão. A geração dourada conquistou o título com vitória por 4 a 2 na marca da cal – só Vidal não marcou após o empate por 0 a 0 no tempo normal e prorrogação.
O Chile comemora o segundo título de sua história, o primeiro com Juan Antonio Pizzi. O técnico argentino – como Jorge Sampaoli – teve como maior mérito a continuidade de um projeto. Recebeu uma herança de presente e tentou dar a sua identidade sem modificar o espírito coletivo. Em campo, os jogadores fizeram o que deles se esperava. Vidal foi gigante no meio-campo, especialmente durante o período em que a Roja jogou com um a menos em virtude da expulsão de Díaz (Rojo receberia o vermelho de Héber Roberto Lopes 14 minutos depois). Bravo apareceu na prorrogação e nos pênaltis. Sánchez correu, correu e correu mais um pouco – acabou sendo eleito o melhor do torneio. Vargas, o artilheiro, com seis gols, não pôde marcar, mas tinha crédito.
A Argentina não sabe o que é levantar um troféu desde 1993. Talvez por isso Messi tenha chorado após o título cair nos colos do Chile mais uma vez, num roteiro muito parecido a 2015. O camisa 10 acumula quatro dos sete vices da seleção neste período. E serão ao menos 25 anos de jejum até o próximo torneio, a Copa do Mundo na Rússia, em 2018. Messi, se nada o impedir, estará lá, com 31 anos. Mas sabe que o tempo está passando – e ele ainda não subiu no bonde dos argentinos campeões. Tampouco subirá, já que anunciou após a derrota que não defenderá mais a seleção.
A finalíssima recebeu 82.026 pessoas, o maior público de futebol já registrado em Nova Jersey. A maioria presente era de argentinos – ou que torciam para a seleção de Lionel Messi. O número ajudou a impulsionar a média de toda a Copa América Centenário para 46.199.
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