A reportagem que você vai ler a seguir não pretende ensinar como se faz a erva mate no seu modo tradicional, tampouco estimular essa produção, mesmo sabendo do preço alto do produto hoje no mercado. Mas mostrar que ainda hoje algumas famílias de agricultores o fazem aqui no noroeste gaúcho.
Os imigrantes da região apreenderam muito bem o ritual do chimarrão com os indígenas, os primeiros a utilizar a erva mate. A erva produzida nos carijos garante o agricultor, mantém o mesmo sabor por até um ano, se bem conservada.
Em Catuípe, Sadi Rosa de 84 anos comentou sobre a produção. Essa tradição perdura por mais de 50 anos. A preferência é pela planta que nasce no meio do mato, por deixar a erva mais suave.A primeira etapa é montar uma espécie de grade, com cerca de um metro de altura onde a erva mate é disposta com a folha para cima, amarrada em pequenos ramos. Logo após, o fogo é feito todo ao redor dessa estrutura: esse é o chamado carijo. De acordo com Sadi Rosa, essa etapa é muito importante, pois já se define o sabor da erva: “se a lenha estiver verde ou molhada, pode ficar cheiro e gosto de fumaça no produto final”. Esse processo pode durar até 2 dias. Antigamente, prossegue Rosa, “o pessoal passava noites em claro cuidando do fogo, coisa que hoje é feita até 10 horas da noite, interrompendo o serviço e iniciado novamente na manhã seguinte.”
Terminado o processo, as folhas sapecadas adquirem uma cor amarelo-esverdeado e um cheiro agradável.
Segundo Sadi, o trabalho mais difícil é ficar ao redor do fogo, pois a fumaça forte causa irritação nos olhos e na pele.
“Não dá lucro”, diz Sadi Rosa, “a gente não faz pra vender, mas a gente pensa ainda nos costumes . Uma erva crioula, sem aditivos e açúcar e com sabor único.”