MISSA CRIOULA SERÁ CELEBRADA NESTA TERÇA NO CTG TROPEIROS DO RIO BRANCO

A fé e a religiosidade estarão em evidência na noite desta terça-feira, 19, no CTG Tropeiros do Rio Branco. A Missa Crioula, celebrada pelo padre Cenir, ocorre logo às 19:30h. Após a missa tremos apresentações do elenco do CTG e jantar, fichas apenas R$15,00.

Missa Crioula

A Missa Crioula é uma missa católica do rito latino (Apostólico Romano), porém adaptada em linguagem, ritmo, estilo e símbolos tradicionalistas gaúchos. Ela tem o mesmo sentido espiritual e religioso de uma missa tradicional, mas pelas suas características particulares recebe a denominação de “Missa Crioula”.

A existência de uma missa nesse estilo tornou-se possível com as alterações introduzidas na Igreja Católica como resultado do Concílio do Vaticano II (1965), que permitiu a tradução e adaptação da liturgia em latim para outras línguas nacionais e linguagens regionais.

Linguagem regional

Em 1967, os padres gaúchos Paulo Aripe e Amadeu Gomes Canelas solicitaram autorização ao então Bispo de Porto Alegre, Dom Vicente Scherrer e ao Vaticano (cujo Papa era Paulo VI) para a celebração da Missa Crioula com cantos, preces e orações próprias, com rima bastante acentuada na linguagem e oração litúrgica. Nessa liturgia campeira, são utilizados símbolos do campo, da campanha, do uso costumeiro do gaúcho.

“Divino Tropeiro”

Com o linguajar típico dos pampas, Jesus Cristo é chamado “ O Divino Tropeiro” e Nossa Senhora de “Primeira Prenda Celeste”. Deus é chamado de “Pai Celeste” e o Espírito Santo de “Divino Candeeiro”.

Entre os momentos mais emocionantes da Missa Crioula está o que relembra um dos mais marcantes episódios da história do Rio Grande do Sul: a guerra entre Maragatos e Chimangos. Como a missa busca trazer a paz e a compreensão entre todos, os homens que participam da missa depõem suas armas, representadas por facões estilizados, colocando-as num canto e entrelaçam na cruz os lenços vermelho (Maragato) e branco (Chimango).

Pe. Paulo Aripe – O Criador da Missa Crioula

O padre Paulo Murab Aripe nasceu a 11 de junho de 1936, e morreu aos 71 anos, em 10 de maio de 2008. Conhecido pelo pseudônimo e autodenominação de padre Potrilho, seu maior feito foi ter criado a Missa Crioula, além de uma série de atividades que transformaram sua vida numa ligação permanente entre a Igreja Católica e a cultura gaúcha. A este propósito tornou-se membro da Estância da Poesia Crioula e lançou uma coletânea de livros de sua autoria, como ele próprio dizia: “A Igreja nos Galpões”. No seu entendimento, pondo a Igreja nos galpões, faz deles uma catedral de religiosidade.

Celebrou sua Missa Crioula em praticamente todos os rincões do Rio Grande do Sul, sendo, para ele, “tão importante rezar numa cidade grande quanto em locais simples do interior ou até no estrangeiro”. Após a missa, invariavelmente integrava-se aos gaúchos e gaúchas e aos populares declamando seus versos ou, muitas vezes, cantando de improviso ou realizando palestras com vasto conteúdo histórico e emocional.

Suas obras principais foram Bombacha e Batina, poesia; o Rio Grande e a Cruz, poemas crioulos, 1966; Missa Sagrada, Casamento Crioulo; a Igreja nos Galpões. Entre seus temas preferidos estavam versos falando do rio Uruguai, da natureza, da vida campesina, das lidas do campo, da unidade da igreja com os galpões do nativismo. Uma de suas poesias mais destacadas é “Porque o padre não casa”.

Começou a fazer seus versos campeiros ainda no Seminário, fundou CTG e, quando o Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII no início dos anos sessenta, permitiu a utilização de músicas e elementos culturais de cada povo nas missas que deixaram de ser rezadas em latim, o Potrilho Aripe ganhou tempo e se adiantou lançando a Missa Crioula, com aprovação eclesiástica. Posteriormente adaptou, ao mesmo estilo, o casamento e o batizado para a linguagem gauchesca.

 

 

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