Fonte: RBS TV
Escutas telefônicas obtidas pelo Ministério Público revelam um esquema para tentar barrar as investigações de fraude no leite e queijo no Rio Grande do Sul. Os áudios foram divulgados nesta quarta-feira (6), um dia após ter sido deflagrada uma operação que resultou em seis prisões, como mostra o RBS Notícias .
Um dos presos na operação do MP foi o secretário do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), Clóvis Marcelo Resler. Ele teve telefonemas gravados e, em uma das conversas, aparece falando com outra pessoa. Eles diziam que é preciso tentar algum contato com o governo do estado para possivelmente interferir na questão do leite. A intenção seria "derrubar" o Secretário da Agricultura do estado, Ernani Polo.
"Se a gente não conseguir direto com o (Ernani) Polo, vai vir da Casa Civil. E seguinte: mesmo assim, se a gente não conseguir, nós vamos ter que fazer um movimento de derrubar o Polo. Não adianta mais", disse o outro homem. Em seguida, Resler concorda: "pode ser".Em outra escuta, o diálogo é sobre tentar algum contato com o governo para possivelmente interferir nas ações do Ministério Público. “Nós temos também que botar um pouco de dedo ali no Ministério Público. Olha, vocês estão protegendo o pessoal da inspeção, do Sispoa e eles em contrapartida, eles estão apoiando o pessoal das fraudes”, diz Roesler, que complementa: “é um prêmio”.
O conteúdo das duas conversas deixou os promotores perplexos. “Eles pretendem com isso afastar aquelas autoridades e intimidar os órgãos que estão justamente trabalhando pela melhor qualidade do leite e dos produtos lácteos que são levados ao consumo”, diz o promotor Mauro Rochembach.
As pessoas que tiveram as conversas com Clóvis Marcelo Roesler gravadas foram identificadas pelo Ministério Público como: secretário da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios, Alexandre da Cunha Rota e o diretor-executivo do Instituto Gaúcho do leite Oreno, Ardenio Heineck. O promotor Mauro Rockenbach afirma que os dois interlocutores não podem ser considerados suspeitos ou investigados, mas serão intimados para depor.
Procurado pela reportagem, Alexandre da Cunha Rota disse desconhecer o conteúdo das conversas. Ele informou que está disponível para fazer esclarecimentos ao Ministério Público e que apoia as investigações. A reportagem também tentou contato com Oreno Ardenio Heineck, mas ele não atendeu aos telefonemas. Já o advogado de Clóvis Marcelo Roesler disse que assumiu a defesa nesta quarta-feira (6) e ainda precisa analisar o caso para se manifestar.