Número de mortos no rompimento de barragem em Minas Gerais sobe para sete

Subiu para sete o número de mortos após o rompimento de uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco, por volta das 16h desta quinta-feira. Foi atingida a área entre Mariana e Ouro Preto, a 110 quilômetros de Belo Horizonte (MG). O distrito de Bento Rodrigues, que pertence a Mariana, foi totalmente alagado. Até as 22h, dois corpos tinham sido resgatados e ao menos 10 pessoas estavam desaparecidas. Sindicatos de trabalhadores locais falavam em 15 mortes. Ao menos 52 pessoas ficaram feridas, algumas em estado grave.



A tragédia deve se concretizar como a mais grave na área ambiental do Estado. Uma igreja histórica do século 18 e uma escola teriam sido atingidas. Segundo o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, a situação na região é catastrófica. Uma avaliação completa só será possível na manhã desta quinta.



Em nota, a empresa afirma que "está mobilizando todos os esforços para priorizar o atendimento às pessoas e a mitigação de danos ao meio ambiente". Após o rompimento, a lama atingiu rapidamente o distrito de Bento Rodrigues, destruindo casas e encobrindo ruas e praças. Os serviços de energia elétrica e água foram afetados – não havia nem sinal de celular. Às 20h30min, ainda havia pessoas soterradas, conforme os bombeiros. Famílias estavam concentradas na frente do hospital de Mariana à espera de informações de parentes.



O bombeiro Adão Severino Junior, do efetivo de Mariana, disse que nunca tinha visto uma situação tão dramática. "A lama desceu como uma grande enxurrada, arrastando tudo, levando porcos, bois, gente e carro. Não tinha nada que resistisse. Teve casa que não sobrou parede." Segundo ele, às 21h ainda escorria lama dos pontos altos. "Há gente escondida no mato, tremendo de frio e fome. Nosso pessoal não quer suspender as buscas, pois pode ter

gente viva no meio da lama", relatou.



Três helicópteros dos bombeiros e das Polícias Militar e Civil seguiram para a região. As buscas avançariam pela madrugada e os desalojados estavam sendo levados para um ginásio esportivo de Mariana. Em nota oficial, o governador Fernando Pimentel (PT) afirmou ter recebido com "consternação a informação sobre o rompimento da barragem". Ele enviou reforços e deverá visitar a região nesta sexta. Já a presidente Dilma Rousseff foi informada do acidente pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e colocou o Exército, o Centro de Desastres e a Força Nacional à disposição para ajudar no socorro. 



Causas



O Ministério Público abriu inquérito para apurar as causas da tragédia. Para a imprensa, o promotor Ferreira Pinto destacou que "nenhuma barragem rompe por acaso, não é uma fatalidade". A região atingida pelo acidente é alvo de exploração desde o período colonial. O início da alteração da paisagem data do século 18, com intenso desmatamento praticado por mineradoras em busca, principalmente, de ferro.



A análise é da própria Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do governo de Minas Gerais. As informações constam de um relatório oficial elaborado em 2013 pela pasta, que atendeu a um pedido da empresa Samarco para aumentar a capacidade de armazenamento de rejeitos da Barragem do Fundão. A outorga tinha validade de seis anos e previa o aumento da pilha de rejeitos com uma barragem de até 152,5 metros. A secretaria relata que o desmatamento da região foi intensificado nas últimas décadas. "As matas de grande porte foram fragmentadas e substituídas por plantações de eucalipto". 

 
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