Dados preliminares de um estudo divulgado nesta segunda-feira (27) pelo Ministério da Saúde apontam uma prevalência de 54,6% de casos de HPV entre a população brasileira de 16 a 25 anos, sendo que 38,4% são de tipos de alto risco para o desenvolvimento de câncer.
A infecção por HPV (papilomavírus humano) é associada a vários tipos de câncer, principalmente ao de colo de útero, mas também de pênis, de vulva, de canal anal e de orofaringe, e é de tratamento complicado.
As relações sexuais são a principal forma de transmissão do vírus, mas ele também pode ser disseminado pelo sangue, por roupas ou objetos contaminados (como toalhas, roupas íntimas ou sabonetes), pelo beijo e durante o parto.
A doença causa feridas principalmente na região genital, mas também em outras partes do corpo, como pernas e braços. O maior perigo está nas verrugas que aparecem internamente, perto do útero, que não são visíveis e, sem tratamento, podem levar ao câncer.
Em junho deste ano, o governo federal anunciou a ampliação do público-alvo para a vacinação contra a doença: meninos de 11 a 15 anos agora podem receber uma dose.
A amostra do estudo é composta por 5.812 mulheres e 1.774 homens com 16 a 25 anos, sendo a média de idade de 20,6 anos. O grupo foi entrevistado e fez exames. Foram incluídos dados de 119 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e um Centro de Testagem e Aconselhamento das 26 capitais e do Distrito Federal.
O ministério contou com o apoio do Hospital Moinhos do Vento, em Porto Alegre, para planejar a pesquisa.
Por enquanto, os resultados são preliminares e produzidos por meio de estimativa. O resultado laboratorial foi dado para 35,2% das amostras para o HPV – de onde se extraiu a informação de que 54,6% dos participantes têm a doença. Como alguns municípios ainda não encerraram as coletas, essa porcentagem pode mudar até o fim do estudo. O relatório deve ser totalmente encerrado e divulgado em março de 2018.
Os pesquisadores coletaram amostras genitais e orais para determinar a prevalência do HPV, objetivo principal do estudo. Também foram analisadas variáveis sociodemográficas, consumo de drogas lícitas e ilícitas, comportamento sexual e saúde reprodutiva e infecções sexualmente transmissíveis, como HIV e sífilis, por meio das entrevistas.
"Fizeram teste rápido de HIV e sífilis, isso foi feito no mesmo momento da entrevista nas unidades de saúde", explicou Wendland. O estudo apontou que 16,1% da população avaliada já tinha alguma DST (Doença Sexualmente Transmissível) prévia ou apresentou resultado positivo para HIV e sífilis.
Estavam namorando 41,9% e 33,1% eram casados no momento da coleta. Eram solteiros 24,2% e apenas 0,7% eram divorciados. Em média, os participantes fizeram sexo pela primeira vez aos 15,3 anos – mulheres aos 15,4 anos e homens aos 15 anos.
Metade dos indivíduos (51,5%) disse usar camisinha na rotina sexual. Apenas 41,1% usou na última vez que fez sexo. O comportamento sexual de risco foi observado em 83,4% dos entrevistados.
A pesquisa é uma parceria com várias instituições: Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Universidade de São Paulo, Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, secretarias municipais de saúde de todas as capitais do Brasil e Unidades Básicas de Saúde. Mais de 250 profissionais de saúde colaboraram.