A Polícia Federal acusa o ex-superintendente do Ministério da Agricultura (Mapa) e mais três pessoas de desviar R$ 456.181,84 do órgão. O esquema está detalhado no inquérito da Operação Semilla, que a Rádio Gaúchateve acesso com exclusividade. Conforme as investigações, Francisco Signor e os demais indiciados em abril desviaram essa quantia entre 2014 e o início de 2015 de contratos com a empresa Ícone Viagens e Eventos.
Os policiais chegaram a essa conclusão após analisarem uma série de interceptações telefônicas e troca de e-mails, todos autorizados pela Justiça Federal. Os valores desviados eram depositados na conta da empresa Delta Compensados, que pertence a um dos indiciados. A quantia era depois dividida entre os participantes do esquema. Uma planilha com os valores também consta no inquérito.
“Em relação à empresa Ícone, entendemos que Francisco Signor possui o domínio de tudo, solicita os eventos, autoriza os pagamentos, e comanda todo, e recebe seus valores, depois de passarem pela conta da empresa Delta Compensados, em dinheiro vivo”, afirmam os investigadores no inquérito.
Em relação aos demais indiciados por corrupção, os policiais afirmam que tinham boletos bancários, IPVA, entre outras despesas, pagos com o dinheiro desviado. Até mesmo o evento da abertura da Colheita do Arroz Orgânico, que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, é citado no inquérito, onde o então superintendente do Ministério da Agricultura “menciona expressamente o nome da empresa Ícone, e a armação que estaria construindo para o pagamento de tão altas importâncias, cuja parcela, bastante significativa, seria embolsada pelo grupo”, afirma a Polícia Federal no inquérito. O advogado de Signor, José Antônio Paganella Boschi, garante que não há desvio por parte de seu cliente.
“Não há nada que a polícia possa apurar que tenha qualquer envolvimento espúrio do meu cliente com a empresa Ícone ou com qualquer outra empresa que tenha prestado serviço para o Ministério da Agricultura. Na realidade, eu volto a insistir, o sr. Francisco está sendo na verdade vítima de um conflito que se instalou dentro do Ministério e ele acabou sendo tirado do cargo e no lugar dele hoje estão técnicos do Ministério”, afirma Paganella.
A presidente do Sindicato dos Fiscais Agropecuários no Rio Grande do Sul, Consuelo Garrastazu Paixão Cortes, admite que a categoria estava querendo a troca do superintendente, mas justifica.
“Ele vinha exigindo que os fiscais colocassem o lugar onde iríamos fiscalizar, o nome das empresas. Algumas empresas também a gente notava que ao chegar para fazer a fiscalização, elas já tinha sido avisadas que iriam ser fiscalizadas”, destaca a dirigente sindical.
A Polícia Federal não especifica se o desvio ocorria do dinheiro pago pela Ícone ao Ministério da Agricultura ou se a e empresa também tinha participação no esquema. Procurada, a empresa ainda não retornou à Rádio Gaúcha.
Francisco Signor foi indiciado por corrupção passiva e ativa, associação criminosa e violação de sigilo funcional.