Guilherme Daroit
Até a metade do ano, segundo o secretário estadual da Agricultura, Ernani Polo, o Rio Grande do Sul deverá ter consolidado o seu Plano de Gestão de Solos e Água. A iniciativa, projetada como um programa de Estado com resultados a longo prazo, busca integrar poderes públicos e entidades nos esforços para conscientização e execução de práticas adequadas de manejo de solo nas propriedades rurais gaúchas. A proposta inicial, ainda sujeita a mudanças, foi apresentada aos entes envolvidos nesta quinta-feira.
Entre os tópicos sugeridos pela Secretaria da Agricultura e Pecuária, coordenadora dos esforços de criação do programa, estão, por exemplo, a elaboração de materiais de conscientização aos produtores, prêmios aos agricultores que adotem medidas sustentáveis e parcerias com as prefeituras na readequação de estradas rurais para que melhorem o escoamento das águas. Tudo será gerenciado por comitês regionais e, acima deles, um grande comitê gestor, integrado por governo, Emater, Embrapa, sindicatos, universidades e escolas técnicas.
"O que estamos buscando é uma grande união de trabalho, que resulte em melhorias tanto na produtividade quanto na conservação ambiental, que andam ligadas", afirmou Polo, que ressaltou a participação, também, das secretarias estaduais da Educação, do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e do Desenvolvimento Rural e Cooperativismo. O esboço surgiu após uma primeira reunião, realizada anteriormente, e agora parte para sugestões e críticas das entidades envolvidas.
Mesmo que o projeto final e o lançamento do programa se confirmem para os próximos meses, porém, a medida é pensada para trazer resultados a médio e longo prazo. "Muitos esforços nesse sentido já foram feitos, mas sempre descontinuados. Precisamos, agora, transformar o projeto em programa de Estado, e não apenas de governo", ressaltou Polo, citando, como exemplo de medida positiva na área, o programa Mais Água, Mais Renda, criado na gestão Tarso Genro (2011-2014) e mantido na gestão atual.
Discutido em meio ao Ano Internacional dos Solos, decretado em 2015 pela ONU, o programa tentará reverter problemas como a compactação dos solos, a falta de penetração da água da chuva e a perda de nutrientes da terra, efeitos interligados entre si. "Solo e água são recursos que devem ser encarados como não renováveis, pois a erosão é muito rápida, mas a recuperação leva décadas", argumentou José Eloir Denardin, pesquisador da Embrapa Trigo, especialista no tema.
Um dos principais vilões, segundo o pesquisador, é a má adoção do Plantio Direto pelos agricultores, trazido para o Brasil de áreas com climas de características diferentes, como a Europa, sem o cumprimento ideal das etapas necessárias em clima subtropical, como a cobertura de inverno e a rotação de culturas. "Além disso, estamos utilizando maquinários desproporcionais aos tamanhos das propriedades, plantio em linha em áreas de declive, entre outras práticas danosas à conservação dos solos", atestou.
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