Polícia ouve avó e tios de menino de 11 anos morto em Planalto

A avó e dois tios de Rafael Mateus Winques, de 11 anos, morto em Planalto, no norte do estado, foram ouvidos novamente pela polícia na manhã desta quinta-feira (28). Eles haviam prestado esclarecimentos quando o menino estava desaparecido. Os depoimentos tiveram duração de quatro horas. A polícia não divulgou o conteúdo do que foi falado pelos familiares.

O namorado de Alexandra e a dona do hotel em que ele trabalha também foram ouvidos.

“Nos primeiros depoimentos eles foram ouvidos na condição de vítimas de um possível desaparecimento de criança, de um sequestro de criança. Agora nós temos um caso de homicídio”, afirmou o delegado pelo caso, Ercílio Carletti

“Estamos realizando muitas diligências, algumas repetindo diante a versão apresentada pela mãe”, explicou o delegado regional Carlos Beuter.

A mãe do menino, Alexandra Dougokenski, que, segundo a polícia, admitiu ter dado medicamentos ao filho e mostrou o local onde deixou o corpo, foi transferida para a Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ela será ouvida novamente na quarta-feira (3), em Porto Alegre.

A mulher não explicou os motivos do crime. A defesa alega que a morte foi uma fatalidade. O laudo do Posto Médico-Legal de Carazinho concluiu que o menino morreu por asfixia mecânica por estrangulamento. O corpo de Rafael foi encontrado dentro de uma caixa de papelão e enrolado em um lençol.

“Nós podemos afirmar com convicção que a morte se deu por asfixia. Isso a gente já não tem mais nenhuma dúvida em relação a isso. Até porque, a característica do cadáver demostra sinais de que a morte se deu por asfixia mecânica. Ainda que ela tenha alegado que a morte se deu de forma acidental. Para a gente está completamente descartado, a gente entende que na nossa linha de investigação o homicídio se deu de forma intencional”, disse o delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, Eibert Moreira Neto.

Um dos principais questionamentos da polícia é se Alexandra agiu sozinha, como confessou.

“Que a gente esclareça se de fato ela confessou porque cometeu o crime ou se ela confessou para encobrir uma ação de outra pessoa”, apontou Eibert.

A polícia, que trata o caso como um homicídio doloso, aguarda laudos do Instituto Geral de Perícia (IGP) para complementar a investigação.

“IGP sempre demora pois são coisas complexas e não temos pressa nessa questão. Temos a pretensão de fazer direito e não rápido”, disse o delegado Beuter.

De acordo com a polícia, o irmão de Rafael, adolescente de 16 anos que morava com a mãe e o menino na casa, será ouvido posteriormente.

“O menor será ouvido pelo método do depoimento sem dano já no poder Judiciário”, afirmou Beuter.

A partir de agora, uma equipe de Porto Alegre reforça a investigação. Faz parte do grupo a delegada Caroline Bamberg, responsável pelo Caso Bernardo, morto pela madrasta 2014 em Três Passos, na Região Noroeste do estado.

Menino tranquilo

A vizinha da família de Rafael, Roberta Brambilla, lembra que o menino tinha uma rotina aparentemente normal e saudável.

“Ele era um menino tranquilo, doce, doce. Ele era meigo. Ele cumprimentava a gente assim com olhar de tímido. Ele era tímido. Só que sempre alegre. Para mim ele tava sempre alegre. Ele sempre tava na casa da vó. A casa da vó era alegria de ele estar ali. Eu via, a vó brincava, os tios brincavam com ele. A mãe eu nunca vi ela brincar, eu vi mais ela sempre levando ele na escola, buscando e cuidando, como qualquer mãe faria”

O caso

Rafael desapareceu em 15 de maio, quando foi dormir e, na manhã seguinte, não estava mais em casa. A mãe chegou a dar entrevista à RBS TV dizendo que queria que o filho voltasse para casa.

A residência onde o menino mora com a mãe e um irmão de 16 anos não possuía sinais de arrombamento no dia do sumiço. Inicialmente, a mãe disse que havia levado uma coberta para o menino antes de dormir, e pensou que ele havia saído pela manhã.

A polícia ouviu ainda o depoimento de familiares, vizinhos e outras pessoas para compreender a dinâmica familiar e a personalidade do menino. Câmeras de monitoramento da cidade foram analisadas. O celular de Rafael foi levado à perícia para verificar possíveis dados apagados.

G1 RS

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