Prédio da boate Kiss tem futuro incerto

Após um ano e dez meses do incêndio, o prédio da boate Kiss segue sem uma definição para o futuro.

Em dezembro de 2014, foi aprovada na Câmara de Vereadores de Santa Maria, o projeto-sugestão que pede a desapropriação do prédio e do terreno, na Rua dos Andradas, Centro da cidade. A ideia é que possa ser erguido um memorial no local. O secretário adjunto de comunicação e programação institucional da Prefeitura de Santa Maria, Luiz Otávio Prates, explica que a administração municipal não tomará nenhuma medida enquanto o local permanecer sob a tutela do Estado. 

Também em dezembro, o prédio foi reaberto para que fosse feita a limpeza do local. Essa limpeza foi realizada para evitar que as substâncias tóxicas que estavam no interior da boate se espalhassem para o lado de fora. Em 2013, uma análise em laboratório detectou a presença de pelo menos 200 substâncias tóxicas no prédio, 17 delas cancerígenas.

A limpeza e os objetos encontrados

Durante sete dias, quatro empresas atuaram no processo de descontaminação, que envolveu aspiração do ar, limpeza e raspagem de todas as superfícies internas, pintura da fachada, coleta de resíduos e transporte desse conteúdo em contêineres para um aterro na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Logo no primeiro dia da limpeza, os trabalhadores encontraram centenas de objetos das vítimas: 366 calçados, 38 peças de roupas, duas carteiras, celulares, e joias. Esse material foi separado a pedido dos familiares e está em sacos plásticos lacrados em tonéis que permanecem dentro de uma sala da boate. 

Familiares das vítimas acompanharam todo o processo em vigília junto à tenda armada sobre parte da Rua dos Andradas, porém, não foi permitido o acesso de ninguém além das equipes de trabalho. Eles querem reaver os objetos dos parentes encontrados durante a limpeza, mas por enquanto, a situação de entrega segue indefinida. Caso a solicitação seja aceita pela Justiça, será preciso fazer a descontaminação de todos os itens antes de serem entregues às famílias.

Conforme a assessora da 1ª Vara Criminal e do Tribunal do Júri da Comarca de Santa Maria, Graziela Neves Pozzobon, "não existe nem nunca existiu nenhuma decisão judicial emitida pela 1ª Vara Criminal determinando que familiares paguem os custos da limpeza encontrados e ainda não há requerimento para que o Estado pague por esta limpeza".

O prédio está lacrado e as chaves ficarão sob a tutela do Estado até o fim do processo criminal. Ainda, de acordo com Graziela, não há uma definição sobre possível reconstituição da tragédia dentro do prédio.

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