Uma proposta do governo do Rio Grande do Sul que projeta melhorias em escolas com recursos privados enfrenta resistência mesmo antes de ser apreciada na Assembleia Legislativa, como mostra. O projeto permite que empresas e pessoas físicas doem recursos a escolas em troca do direito de veicular imagens do patrocínio à instituição.
De acordo com a Secretaria de Educação, a maior parte das quase 3 mil escolas da rede estadual necessita de algum tipo de obra. Sem dinheiro para proporcionar as melhorias, o governo encaminhou ao Legislativo o projeto de lei 103/2015, que prevê a doação de recursos materiais para escolas, manutenção, conservação e reforma das instituições e despesas com palestras por parte da iniciativa privada.
"Não está previsto o benefício fiscal no projeto. A única contrapartida é a utilização desse gesto de solidariedade em campanhas e promoções da marca da empresa", diz o secretário da Educação, Vieira da Cunha. "Mas não propriamente dentro da escola, é perante o publico em geral", pondera.
A presidente do sindicato dos professores da rede pública estadual, Helenir Oliveira, contesta a iniciativa. Ela critica, principalmente, a proposta de palestras pagas pela iniciativa privada. "Com isso aqui, nossa autonomia também está sendo ferida, porque sai da escola a decisão, inclusive de quem vai vir trabalhar contigo", argumenta.
Alunos de escolas públicas acreditam que as instituições precisam de reformas, independente da forma como serão feitas. O muro da Escola Estadual Protásio Alves, uma das maiores do estado, está inclinado, e o reboco já começa a se soltar.
"Tem umas partes nas salas de aula que dá para perceber que falta uma pintura", diz a aluna Milena de Fraga Camargo. "Precisamos de um elevador, porque quatro andares para a gente subir não é fácil", acrescenta Clarissa de Souza, também estudante da escola.
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