Renda de trabalhador cai pela 1ª vez em 4 anos

O rendimento real (descontada a inflação) dos trabalhadores em fevereiro foi de R$ 2.163,00, valor 0,5% menor que o do mesmo mês de 2014. É a primeira queda desde outubro de 2011 (que foi de 0,3%) na comparação entre o resultado de um mês com o do mesmo período do ano anterior.



Trata-se também do pior resultado nessa base de comparação desde maio de 2005, quando houve queda de 0,7%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE. O índice de inflação usado para a comparação foi o INPC.



Na comparação com janeiro de 2015, a queda no rendimento foi de 1,4%. "Nos dois últimos meses houve crescimento de inflação", diz Adriana Beringuy, técnico do IBGE. Até mesmo em termos nominais (sem computar a inflação) a renda dos trabalhadores foi menor em fevereiro do que em janeiro: queda de 0,3%.



Por setor, os piores desempenhos de rendimento, descontada a inflação, foram para trabalhadores que prestam serviços a empresas (queda de 3,3% em comparação com 2014 e de 5,4% com janeiro) e da indústria (menos 1,9% em relação ao ano passado e menos 4,1% se a base é o mês de janeiro).



Os números do IBGE mostram ainda que a população desocupada aumentou 10,2% na passagem de janeiro para fevereiro, o equivalente a 131 mil pessoas a mais na fila do desemprego, segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgados pelo IBGE. Em relação a fevereiro de 2014, o total de desempregados subiu 14,1%, 176 mil pessoas a mais à procura de uma vaga.



Já a população ocupada recuou 1% em fevereiro ante janeiro, com 229 mil empregos eliminados. Na comparação com fevereiro de 2014, o recuo na ocupação foi de 0,9%, o mesmo que 201 mil postos de trabalho extintos.



Em relação à população inativa, houve crescimento de 0,4% em fevereiro ante janeiro, 84 mil pessoas deixaram a força de trabalho no período. Em relação a fevereiro do ano passado, a inatividade subiu 2,3%, com 443 mil pessoas a mais. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado recuou 1% em fevereiro ante o mesmo mês de 2014, o equivalente a 115 mil postos formais extintos no período de um ano, segundo o IBGE. Em relação a janeiro, houve ligeiro aumento de 0,2%, ou 27 mil vagas com carteira assinada a mais.



Já o emprego sem carteira assinada diminuiu 2,2% em fevereiro ante fevereiro de 2014, 44 mil postos de trabalho informais a menos. Na comparação com janeiro, a queda foi de 1,4%, o equivalente a 28 mil pessoas a menos. O trabalho por conta própria teve pequeno crescimento de 0,1% em fevereiro em relação a fevereiro do ano passado, apenas quatro mil trabalhadores a mais nessa categoria. Em relação a janeiro de 2015, houve queda de 3,8%, 172 mil indivíduos a menos.



A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do País cresce em função do número de pessoas à procura de um trabalho, aliado a um corte no número de vagas existentes. A afirmação é da técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE Adriana Beringuy. "Essa alta da taxa de desocupação está relacionado ao crescimento da procura e redução da ocupação. Temos os dois movimentos agindo ao mesmo tempo", afirmou Adriana.



A taxa média de desemprego no primeiro bimestre aumentou de 4,9% em 2014 para 5,6% em 2015, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Emprego. "O que está acontecendo em 2015 diferente de 2014? Ao longo de 2014, o que a gente vinha observando era uma estabilidade na população ocupada. Não tinha expansão de postos de trabalho, mas também não tinha redução. E, em contrapartida, havia uma população desocupada que só caía", lembrou a pesquisadora. "Então, a desocupação não pressionava o mercado de trabalho e também não havia dispensa de trabalhadores ocupados", acrescentou.

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