Acusados de matar e ocultar o corpo do menino Bernardo Boldrini, os réus Leandro Boldrini (pai da vítima), Graciele Ugulini (madrasta) e os irmãos Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz vão ser julgados por júri popular. A decisão, divulgada na manhã desta quinta-feira, é do juiz Marcos Luís Agostini.
Na sentença, de 137 páginas, o magistrado considera que há prova da materialidade e indícios suficientes de autoria em relação aos quatro réus. Assim, eles serão julgados pelo Conselho de Sentença do Tribunal do Júri, onde os jurados decidirão se são culpados ou inocentes dos crimes de homicídio quadruplamente qualificado (Leandro e Graciele), triplamente qualificado (Edelvânia) e duplamente qualificado (Evandro), ocultação de cadáver e falsidade ideológica (neste caso, só Leandro Boldrini), conforme a denúncia do Ministério Público. Cabe recurso da decisão.
Bernardo Uglioni Boldrini, de 11 anos, desapareceu em 4 de abril de 2014, em Três Passos. Seu corpo foi encontrado dez dias depois, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens de um rio. Edelvânia Wirganovicz, amiga da madrasta Graciele Ugulini, admitiu o crime e apontou o local onde a criança foi enterrada.
Foi identificada, pela perícia, presença do medicamento Midazolam (sedativo) no estômago, rins e fígado da vítima. Diante da prova produzida nos autos e os fundamentos apontados na presente decisão, não se pode afastar, de plano, a intenção de matar, considera o juiz.
Indícios das participações
Graciele e Edelvânia
— Imagens das câmaras de vigilância mostram as acusadas com a vítima antes do desaparecimento, quando ingressam os três no veículo de Edelvânia, pouco antes das 14 horas, retornando próximo das 15 horas somente as duas acusadas.
— Edelvânia também entregou dinheiro à construtora como pagamento da prestação de um apartamento após o fato.
— Em conversas interceptadas entre as acusadas após o fato, elas combinam as declarações que prestariam à polícia.
— A compra realizada pelas acusadas, dois dias antes do fato, de cavadeira, pá e soda cáustica, que teriam sido utilizadas, respectivamente, para abrir a cova e tentar dissolver o corpo do menino.
— A aquisição pelas acusadas do medicamento Midazolam em farmácia de Frederico Westphalen.
— A identificação, através de perícia, do medicamento Midazolam no rim, estômago e fígado da vítima.
Leandro
— Vídeos extraídos do telefone celular de Leandro apontam para o fato de que ele e a madrasta humilhavam o menino, praticando violência psicológica.
— O receituário de Midazolam emitido pelo médico em 2 de abril de 2014 foi usado na compra do medicamento por Edelvânia, na mesma data.
— Em diálogo mantido entre familiares de Graciele, interceptado com autorização judicial, eles afirmam que Leandro tem ligação com o homicídio.
Evandro
— Duas testemunhas afirmaram, na fase policial e em juízo, que visualizaram, em 2 de abril de 2014, por volta das 19h30min, o veículo de Evandro próximo ao local onde o corpo da vítima foi encontrado.
— As mencionadas testemunhas declararam, ainda, que o local onde o corpo da vítima foi localizado apresenta solo que dificulta a escavação, por ter mata e muitas raízes, exigindo força para cavar.